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Blog criado para mostrar Fotografias que vou tirando por este mundo fora.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Pela Corrida Sempre Mulher 2012


Estação Fluvial do Cais do Sodré



Estação Metropolitana do Cais Sodré

A Estação do Cais do Sodré é uma Estação ferroviária e actualmente, também uma estação de Metro de Lisboa, servindo de Terminal da LINHA VERDE.
O Projecto arquitectónico é da autoria do Arquitecto Nuno Teotónio Pereira, as intervenções plásticas do pintor António Dacosta.
Além da Estação, existe a Sul um novo terminal Fluvial do Cais do Sodré da Soflusa com ligação de Barcos entre Lisboa e a outra margem do Tejo.



Largo do Rossio

Em Tempos pré-históricos o vale do Tejo hoje ocupado pelo Rossio e Praça da Figueira foi um esteiro do Tejo onde desaguavam as ribeiras hoje designadas por Ribeira de S.Antão e Arroios.
durante o domínio romano o esteiro estaria já parcialmente assoreado de dimensões mais reduzidas, prova de tal facto os vestígios de um cais encontrado junto á Igreja de S. Domingos, com as obras do metropolitano nesta zona foi possível encontrar uma Necrópole assim como um circo romano.
Com a conquista de Lisboa aos Mouros varias casas religiosas foram-se instalando na cidade surgindo no Rossio em 1492 o Convento de S. Domingos que juntamente com o Hospital de todos os Santos e o Palácio dos Estaus constituíam o conjunto principal de edifícios desta zona.
O Rossio era tal como hoje o largo, o espaço aberto de vivência pública onde muita História e histórias se desenrolaram...
era neste espaço que às 3ªs feiras se fazia a feira onde os Lisboetas, soldados, tripulantes e viajantes das naus, vinham abastecer-se.
Foi o grande palco dos Autos de Fé, sendo que este macabro espectáculo desenrolava-se no adro da Igreja de S. Domingos e no Hospital de todos os Santos, onde as janelas com melhor vista eram alugadas a peso de ouro.
Foi pelo Rossio que um elefante guardado no Palácio dos Estaus, por ordem de D. Manuel, para uma luta com um rinoceronte vindo da Índia, ( o tal que tão bem vimos representado na Expo 98), fugio matando e levando tudo o que lhe surgia pela frente.
Rossio, largo de festas de touros, de espectáculos, das brigas, como aquela que levou Luís Vaz de Camões para a prisão e mais tarde para a Índia por naquele local ter agredido um oficial do reino.


Estação do Rossio

A deslumbrante fachada neo-manuelina da Estação do Rossio é uma excepcional obra de arquitectura desenhada por José Luís Monteiro. Oito portadas em ferro forjado vermelhas combinam com as nove janelas de ferradura e a torre de relógio trabalhada localizada no topo central da fachada. Inaugurada em 1890, a recente renovação levada a cabo pelos arquitectos Broadway Malyan permite aos passageiros do comboio fazer ligação à estação de metro dos Restauradores.
A estação traz passageiros vindos de Sintra sendo os últimos 2,6 km um túnel que foi considerado uma das mais importantes obras de engenharia do século XIX. A estação é fora do vulgar porque as plataformas estão 30m acima da entrada e são acedidas por escadas rolantes. O comboio suburbano vai até a vila turística de Sintra via Queluz. Saem da estação vários comboios por hora em direcção a Sintra numa viagem que demora menos de uma hora.


Cine-Teatro Eden

Edifício inaugurado em 1937, de planta rectangular e de acentuada horizontalidade. A fachada com um dinâmico jogo de volumes desenvolve-se simetricamente a um corpo central, com uma verticalidade de linhas contrabalançada por duas bandas horizontais, uma das quais com um conjunto de baixos relevos. Em 1995 o edifício foi remodelado e adaptado às suas novas funções.


Monumento dos Restauradores

Na praça dos Restauradores nasce a primeira artéria lisboeta - a Avenida da Liberdade. A praça deve o seu nome e é dedicada aos homens que em 1640, restauraram a independência portuguesa, pondo termo ao domínio Filipino em Portugal. Este monumento consagra a Revolução de 1640, é da autoria de António Tomás da Fonseca, na escultura e de Sérgio Augusto de Barros, pelo grupo arquitectónico e foi inaugurado a 28 de Abril de 1886. Obelisco com cerca de 30 metros de altura, que tem na sua base, duas estátuas em bronze, a simular movimento: o génio da independência (do escultor Alberto Nunes) e, na face norte, o génio da Vitória( da autoria de Simões de Almeida). Nas faces do pedestal estão gravados os nomes e datas das principais batalhas da Restauração:Linhas de Elvas (1659), Ameixial (1663), Castelo Rodrigo (1664), Montes Claros (1665).




Av. da Liberdade

Depois do Terramoto de 1755 o Marquês de Pombal criou o Passeio Público na área ocupada pela parte inferior da Avenida da Liberdade e Praça dos Restauradores. Apesar do nome, era rodeado por muros e portões por onde só passavam os membros da alta sociedade. Em 1821, quando os Liberais subiram ao poder, os muros foram derrubados e o Passeio foi aberto a todos.
A Avenida que hoje se pode ver foi construída em 1879-82 no estilo dos Campos Elísios em Paris. A grande avenida arborizada tornou-se num centro de cortejos, festividades e manifestações. Inclui um monumento aos que morreram na Primeira Guerra Mundial. A Avenida ainda conserva a sua elegância, com fontes e esplanadas magníficas sob as árvores. Majestosa, com 90 metros de largura e pavimentos decorados com padrões abstractos, está agora dividida por dez faixas de trânsito que ligam os Restauradores à Praça do Marquês de Pombal, para o Norte.
Esta avenida é repleta de hotéis (muitos deles de luxo), lojas e alguns dos melhores cafés, teatros, universidades. Esta é uma das mais (se não a mais) importantes avenidas de Lisboa e é também o ponto de eleição de escritórios, árvores centenárias, lojas de moda internacional e milhares e milhares de trabalhadores que por ali passam todos os dias.
Há também as antigas lojas de alfaiates, seguidas de marcas internacionalmente conhecidas como Louis Vuitton, Calvin Klein, Timberland, Massimo Dutti, Armani, Burberry, Adolfo Dominguez, lojas que vendem Prada, Christian Dior, Chanel, Dolce & Gabbana, Versace, etc. Caminhar na Avenida da Liberdade foi, em tempos, sinónimo de elegância e ainda hoje o é.
Algumas das mansões originais foram preservadas, incluindo o neoclássico cinema Tivoli, com um quiosque dos anos 20 no exterior, infelizmente muitas das fachadas no estilo Arte Nova deram lugar a edifícios ocupados por escritórios, hotéis ou complexos comerciais.




Cinema São Jorge

Desenhado por Fernando Silva, o Cinema São Jorge recebeu o Prémio Municipal. é o mais emblemático cinema de Lisboa e a sua construção trouxe várias inovações tecnológicas para a data como o ar condicionado e o sistema de aspirador central. Foi também a maior sala de cinema do país com 2000 lugares.
Sofreu várias obras de conservação e adaptação ás novas necessidades tendo, em 2000, a CML exercido o direito de compra do edifício.
Decorrem, nos dias de hoje, no São Jorge vários festivais de cinema, concertos, espetáculos de teatro e dança.





Estátua do Marquês de Pombal - Largo Marquês de Pombal Lisboa

Ao fundo do Parque Eduardo VII encontrará a Praça Marquês de Pombal ou Rotunda. É o principal cruzamento do sistema de metro de Lisboa e um dos pontos mais agitados em termos de trânsito e de peões. Ao centro tem uma estátua de nove metros do Marquês de Pombal a segurar num leão em cima dum pedestal de 34 metros comemorando a reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755. O pedestal tem nele representado cenas da reconstrução e até do próprio terramoto e do tsunami que o seguiu. Após o desastre o Marquês respondeu a perguntas sobre o que é que iria ser feito com a famosa frase: ”Enterramos os mortos e alimentamos os vivos”. Apesar da calamidade Lisboa não sofreu epidemias de maior e dentro de um ano a cidade estava já a ser reconstruída no clássico estilo pombalino que hoje caracteriza a baixa de Lisboa. Encontrará muitos dos hotéis de topo da cidade a um passo da rotunda.

Edificio da Sede da Liberty Seguros


Na Av. Fontes Pereira de Melo, os consagrados criadores “Os Gémeos” (Brasil), Blu (Itália) e Sam3 (Espanha), realizam em dois edifícios devolutos, intervenções de arte urbana de grande escala, obras integradas na programação artística do projecto CRONO, evento promovido pela ACA- Azáfama Citadina Associação, em parceria com a Galeria de Arte Urbana da Câmara Municipal de Lisboa. Os autores brasileiros foram ainda acompanhados por um conjunto de writers portugueses, entre eles NOMEN, SEN, RISCO, ARM, KREYZ, HIUM, MAR, GLAM, SLAP, Maria Imaginário, SMILE para a criação de um vasto wall of fame, no muro localizado na Rua José Gomes Ferreira, junto às Amoreiras.




Edificio da Sede da Metro de Lisboa


O imóvel Sede Social do Metropolitano de Lisboa, sito na Av. Fontes Pereira de Melo, em Lisboa, foi projetado pelo Arquiteto Norte Júnior para um rico capitalista com fortuna do Brasil, de nome José Maria Moreira Marques.
Popularmente alcunhado como “bolo de noiva” pela sua decoração exuberante, recebeu o Prémio Valmor de 1914.
Em 1950, o edifício foi vendido à Câmara Municipal de Lisboa pelos descendentes do seu proprietário tendo sido arrendado, em 1954, ao Metropolitano de Lisboa que transferiu a sua Sede Social para essas instalações em finais desse ano, tendo adquirido em 1999 a propriedade do imóvel.
Ao longo dos anos, o edifício tem sido considerado um notável “museu” das artes decorativas do início do século. O seu exterior, ostenta elementos de inspiração clássica, neo-clássica e arte nova, como é o caso das portas, janelas e marquises.
Todo o seu interior foi alvo de uma notável distribuição divisionária. Na cave localizavam-se a cozinha e a despensa, os alojamentos dos empregados e, onde atualmente se encontra a Biblioteca, existia um ginásio destinado às crianças.
No rés do chão situavam-se os salões principais e sociais, como a Sala de Música, a Sala de Fumo e o Salão Nobre, hoje utilizada como sala de reuniões, onde se destaca a beleza da tela que representa Vénus no Olimpo.
No 1º andar encontravam-se os quartos de dormir, a sala das crianças uma sala de banho e toiletes. O edifício possui, ainda, um elevador de origem, de fabricação alemã e que se encontra em pleno funcionamento.
Decorado com madeiras raras e de primeira qualidade provenientes do Brasil, gessos pintados a folha de ouro, aguarelas e frescos já muito apreciados naquela época, o palacete foi, desde sempre, considerado como um imóvel de uma enorme e invulgar riqueza.
O edifício Sede Social do Metropolitano de Lisboa, incluindo as áreas do antigo jardim, anexo residencial e garagem, foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 2002.
Ao longo destes 52 anos, a empresa tem realizado diversas obras de conservação e beneficiação, incluindo a restauração das pinturas na sua traça original, que em muito contribuíram para a preservação deste património à sua guarda, cujo valor cultural e interesse público vieram a ser reconhecidos pela classificação efetuada.




Edifício da Maternidade Alfredo da Costa "A Minha Terra"

A Maternidade Alfredo da Costa é um estabelecimento público de saúde especializado em obstetrícia. Foi edificado sobre os alicerces de um templo, com projecto do arquitecto Miguel Terra, e inaugurado a 5 de Dezembro de 1032. A primeira maternidade em Lisboa a ser construída de raiz. Se nasceu em Lisboa, há a grande possibilidade de fazer parte das 500 mil pessoas, sendo eu uma delas, que nasceram na Maternidade Alfredo da Costa, a maior do país. Com os ventos políticos e económicos agrestes em Portugal, o Governo está a realizar vários estudos para decidir quando fecha a Maternidade Alfredo da Costa (MAC).


Edifíco Monumental

A elaboração do projecto para o maior conjunto de cinema-teatro existente em Lisboa, partiu de um Despacho do Ministro da Educação Nacional de 24 de Março de 1943, onde se podia ler: "(...) podia considerar-se o eventual funcionamento de uma Casa de Espactáculos como ainda não há em Lisboa, com um conjunto de instalações adequadas á realização ou exibição simultânea de várias formas de actividade artística ou cultural (...) uma casa com salas independentes para teatro de declamação ou música ligeira, concertos e cinema, dotada das dependências correspondentes.”
Com base nesta sugestão, o arquitecto Rodrigues Lima, - um dos arquitectos intervenientes na Exposição do Mundo Português de 1940, e que já tinha assinado o projecto do Cinema Cinearte, inaugurado em Fevereiro de 1940 - elabora o projecto do Monumental, cinema e teatro, onde, num único edifício existe um teatro para 1182 espectadores, um cinema para 2170, um café-restaurante e uma sala para exposições artísticas.
O Monumental, na Praça Duque de Saldanha em Lisboa, foi inaugurado no dia 14 de Novembro de 1951. Completaria no ano passado 60 anos
A entrada principal do edifício, comum a todos os espectadores, fazia-se pelo grande vestíbulo principal semi-exterior que, comunicando directamente com a Praça Duque de Saldanha por meio de uma arcaria de volta perfeita, funciona quase como um prolongamento desta. A sala de teatro, com eixo central paralelo à Av. Praia da Vitória, possuía dimensões mais reduzidas de modo a aproximar os espectadores do palco. Deste modo, e por forma a rentabilizar melhor o espaço interno, o arquitecto introduz três balcões que se prolongam lateralmente até ao palco e ainda dois camarotes “avant-scène” ricamente decorados.
A sala de cinema, com eixo central paralelo à Av. Fontes Pereira de Melo, possui grandes dimensões permitidas pelo grande ecrã existente e pelos altifalantes que permitem regular o som de acordo com as dimensões da sala. Comportando dois balcões, esta sala constituía a «referência mais imensa do espaço-cinema em Portugal : a sala cheia parecia uma cidade!» 
A revista “Imagem” em 1950 escrevia: «Um dos mais arrojados empreendimentos dos nossos dias». Podia-se também ler num jornal da época: «Único no seu género em todo o mundo, um luxuoso edifício que, desde as linhas arquitectónicas do exterior á luxuosa comodidade dos seus interiores, oferece o tom moderno e de bom gosto da casa de espectáculos digna de figurara entre as melhores da Europa».
No seu interior, havia um gigantesco foyer, muito à Hollywood, com mármore, dourados e lustres.
Adivinhando as necessidades futuras, esta sala viria a acolher todas as novidades a nível de ecrãs de cinema: ecrã gigante, “Cinemascope”.
No topo do edifício funcionava um atelier onde se faziam cartazes dos filmes que, mais tarde, parte do interior foi adaptado para uma pequena sala-estúdio, o “Satélite”. Esta sala-estúdio foi inaugurada em 1970 com o filme “Coisas da Vida” ( ‘Les Choses de la Vie’ ) com Romy Schneider e Michel Piccoli.
Por fora, o Monumental era de pedra, com colunas, estátuas decorativas e esferas armilares de ferro que estão, hoje em dia, junto ao Padrão dos Descobrimentos, em Belém. Na lateral da Avenida Fontes Pereira de Melo albergou o famoso café restaurante “Monumental”. Outro cinema famoso de Lisboa o “Império” ,que viria a ser inaugurado em 1952, teria também a exemplo deste, um grande café restaurante de seu nome “Império”, felizmente ainda existente.
Antes de morrer o arquitecto Raúl Rodrigues Lima traçou um projecto que visava a completa remodelação do conjunto Monumental, de acordo com os novos tempos e os novo hábitos do público de cinema. A grande sala dividida em pequenas salas e a entrada aproveitada para várias lojas tornariam decerto o cinema rentável. Mas de nada valeu o seu esforço, pois não estava em questão salvar um espaço, mas sim de arranjar uma justificação para vender e rentabilizar o espaço ocupado pelo Monumental.
Depois de ter encerrado em 1983, devido ao facto das receitas não cobrirem as despesas, por falta de público, a ordem da demolição surgiu em 1984. No mesmo local ergue-se hoje um moderno edifício, também chamado Monumental, com escritórios, lojas e quatro salas de cinema, a maior das quais com 378 lugares.

Estátua do Marechal Duque de Saldanha

Em 13 de Agosto de 1889 foi promulgada a lei que estatuía que fosse erecto um monumento ao prestigioso oficial, para recordar aos vindouros os seus relevantes serviços à pátria e à liberdade”. Influiu na Câmara dos Pares para que se rendesse esta homenagem, D. Luís da Câmara Leme, antigo ajudante de campo do marechal. Abriu-se um concurso para esse fim, mas ficou sem efeito. No ano seguinte houve novo concurso, em que ficou aprovado o projecto apresentado pelo escultor Sr. Tomás Costa. O contrato com o governo assinou-se em 1901, sendo o local escolhido para a colocação do monumento a rotunda das Picoas, devendo estar concluído dentro de três anos. Os trabalhos começaram, sendo o arquitecto Sr. Ventura Terra auxiliar do autor do monumento. Em 5 de Novembro de 1901 procedeu-se à cerimonia solene do lançamento da pedra fundamental, cerimónia a que assistiu o rei D. Carlos, o ministério, o bisneto do marechal, João Carlos de Saldanha Oliveira Daun, actual representante da casa, e diferentes individualidades de categoria superior, quer do mundo oficial, quer da sociedade propriamente dita. Estando concluídos os trabalhos, tratou-se da inauguração, que se realizou a 18 de Fevereiro de 1909 com imponente solenidade, e com todo o aparato oficial destas cerimónias. Na praça, onde se levantou o monumento, e que tomou o título de Praça do Duque de Saldanha, armou-se um pavimento luxuosamente decorado para a recepção do rei D. Manuel e leitura dos discursos e do auto, que foi ali assinado. Ao lados deste pavilhão armaram-se tribunas para o corpo diplomático, deputações das casas do parlamento, Câmara Municipal e mais convidados. Os representantes da família do duque de Saldanha tinham lugar reservado no pavilhão real; eram a Sr.ª marquesa de Rio Maior, condessas de Almoster, de Sintra e da Azinhaga, os Srs. marquês de Pombal, João Carlos Saldanha de Oliveira e Daun e seus irmãos José Augusto, Joaquim Pedro Quintela e Luís Saldanha de Oliveira Daun. Compareceram também à inauguração alguns veteranos da companhia de reformados de Runa, contando se entre eles, velhos que acompanharam Saldanha nas acções de Torres Vedras, do Porto, e na última manifestação militar do marechal, de 19 de Maio de 1870. Ao descerramento da estatua pelo rei, e quando a bandeira portuguesa que a velava, se desprendeu, os alunos da Escola Naval e da do Exército, que faziam a guarda de honra junto ao pavilhão real, perfilaram as espadas, fazendo então o rei a continência, enquanto as bandas militares tocavam o hino de Saldanha. Seguiu-se o discurso do Sr. conselheiro António de Azevedo Castelo Branco, presidente da comissão executiva do monumento, a que o rei respondeu, sendo depois lido pelo secretário da comissão, general Sr. Agostinho Maria Cardoso, o auto da entregado monumento à Câmara Municipal. A cerimónia terminou pelo desfilar das tropas da guarnição do Lisboa, que tinham formado em parada desde a Praça do Duque de Saldanha até ao Campo Grande. O rei com o infante D. Afonso, general Craveiro Lopes à esquerda e seu estado-maior, passou em continência à estatua, e a seguir marcharam as forças militares, principiando pela dos marinheiros, ao som do hino de Saldanha, tocado pelas bandas. Era o mesmo hino que se ouvira, quando o marechal entrou triunfante em Lisboa a 13 de Maio de 1851.
O monumento compõe se dum pedestal dórico de base quadrangular, a cujas arestas aderem colunas da mesma ordem, encimadas de capiteis canelados, desenho do Sr. Ventura Terra. Concluíra-se em 3 de Junho de 1905; tem de altura 7,82m que junto à estátua de 3,18m, dá o total de 11 m. A severidade do pedestal ameniza-se um tanto com a figura alegórica da Vitória que lhe decora a face principal; sob esta figura vêem-se as armas portuguesas entre ramos de louro e carvalho, e nas outras faces do pedestal destacam se cabeças de leões sustendo da boca panóplias decorativas com a inscrição: Campanhas da Liberdade, etc. Tanto estas decorações como as estátuas, tudo em bronze, foram fundidas no Arsenal do Exército com a perfeição de outros trabalhos deste género ali feitos várias vezes. A estátua de Saldanha ficou acabada em 15 de Setembro de 1906, e tem o peso de 2:.54 kg. Pousa sobre um soco assente no entablamento do pedestal. De pé, a mão direita indicando um ponto do horizonte, na mão esquerda a espada. No braço esquerdo um manto tragado garbosamente. A estátua alegórica da Vitória tem o peso de 1.920 kg; empunha na mão direita a espada vencedora e na esquerda a palma gloriosa. Nesta face do pedestal, na parte superior está a seguinte inscrição: Ao marechal duque de Saldanha, 1909.



Edificios de Escritórios que sofreram remodelações de Fundo


Edifício que se destaca pela sua verticalidade. Com planta rectangular, rés de chão e 5 pisos e com telhado a 2 águas. Teve como construtor José Tomaz de Sousa


Edificio Atrium Saldanha

Situado na Praga Duque de Saldanha, 1, Avenida Casai Ribeiro, 63, Rua Fernão Lopes, 4, Rua Engenheiro Vieira da Silva, 18, e Avenida Fontes Pereira de Melo, 44, um projecto dos arquitectos João Paciência e Ricardo Bofill para IMOSAL, SA..
O estudo geométrico, proporção e equilíbrio proporciona, quer numa organização da planta quer nos alçados, criação «inevitável de um grande vazio interior que viria a definir-se sob a forma de um grande semicírculo..), envolvido em altura par plateias virtuais múltiplas e troneo-cónicas, dramatizando deste forma o efeito etnográfico pretendido».
O átrio tem assim, no «elemento gerador fundamental de toda a espacialidade interior do objecto "arquitectónico", conferindo-Ihe toda a sua singularidade.A estabilidade e equilíbrio do edifício são conseguidos através de marcação «das esquinas do quarteirão com um desenho mais fechado e materiais vivamente mais pesados», o que confere uma definição das «balizas dos diferentes troços e da praça» que o delimitam.
A marcação de linhas horizontais de dois em dois pisos «entaladas entre os torreões das esquinas estabiliza a fachada e conferem sentido à forma geral». in revista Imobiliária
Foram atribuídos, para o ano de 2002, dois Prémios Valmor e Municipal de Arquitectura e uma Menção Honrosa.



CRONO” é uma iniciativa de natureza artística e social, a decorrer ao longo de 12 meses, em quatro ciclos inspirados na ambiência das estações do ano, com um plano de actividades diversificado que contempla a participação de 16 conceituados autores internacionais a par de um número significativo de prestigiados criadores portugueses, corporizando-se em acções de desenvolvimento relacional entre os cidadãos e a sua cidade, não só na criação de um roteiro único de arte pública, aqui percepcionada sob um renovado conceito, mas também na revitalização artística de «áreas esteticamente deprimidas», nas palavras dos seus mentores, que colocará a capital portuguesa e o País, no mais prestigiado panorama da arte urbana.
Projecto de “curadoria urbana”, este evento pioneiro lança desafios relevantes para o reposicionamento da Arte em relação ao desenvolvimento da Cultura, revelando Lisboa sob novas perspectivas ao inscrever na paisagem urbana, léxicos visuais de grande valor artístico, interpeladores da percepção dos transeuntes, dos habitantes, dos artistas.




A parceria com a ACA, no âmbito desta iniciativa, resulta de uma estratégia de actuação delineada pela Galeria de Arte Urbana, espaço de liberdade criativa dedicado pela Câmara Municipal de Lisboa ao graffiti e à street art enquanto expressões de arte urbana, confirmando-as como reconhecíveis e reconhecidas gramáticas artísticas. A Galeria posiciona-se como um lugar aberto e inclusivo perante o universo de criadores, perante a comunidade envolvente, perante os diferentes públicos a sensibilizar para o reconhecimento da riqueza e da diversidade do património artístico e cultural da cidade.




Av. Fontes Pereira de Melo


Marquês de Pombal

Célebre ministro do rei D. José I, o mais notável estadista do seu tempo, não só de Portugal, como de toda a Europa.
N. em Lisboa a 13 de Maio de 1699, sendo baptizado a 6 de Junho do mesmo ano na freguesia das Mercês, então instalada na capela da mesma invocação existente na rua Formosa, a qual pertencia a sua família; fal. em Pombal a 8 de Maio de 1782. Era filho do capitão de cavalaria e fidalgo da Casa Real, Manuel de Carvalho e Ataíde (V. Portugal, vol. I, pág. 846), e de sua mulher D. Teresa Luísa de Mendonça e Melo, filha de João de Almeida e Melo, senhor dos morgados dos Olivais e de Souto do Rei.
Frequentou na Universidade de Coimbra o primeiro ano jurídico, mas dotado dum génio versátil e dum insaciável desejo de dominar e de não ser dominado, abandonou estudos, resolvendo-se a seguir a carreira das armas, por julgar ser essa a sua vocação, e foi assentar praça de cadete. Vendo, porém, que no serviço militar a obediência era mais exigida que em Coimbra, pediu a demissão, e entregou-se à vida ociosa, dedicando ‑se contudo ao estudo da história, da política e da legislação. Alguns biógrafos dizem que estas informações não se baseiam em factos irrecusáveis, mas o que não oferece dúvida é que Sebastião de Carvalho, na sua mocidade figurou no grupo dos capotes brancos um daqueles bandos de fidalgos aventureiros que perturbavam com as suas orgias a tranquilidade da capital. Enérgico, decidido, brioso, de figura simpática, era bem visto pelas damas, e por ele se apaixonou uma sobrinha do conde dos Arcos, D. Teresa de Noronha e Bourbon, dama da rainha D. Maria Ana de Áustria, filha de D. Bernardo de Noronha, e de sua mulher, D. Maria Antónia de Almada. Esta senhora nasceu em 1689, casou a 17 de Julho de 1714 com seu primo António de Mendonça Furtado, de quem enviuvou em Fevereiro de 1718, e casou em segundas núpcias, a 16 de Janeiro de 1723, aos 34 anos, com Sebastião de Carvalho. Os novos esposos foram viver para uma quinta que o futuro conde de Oeiras e marquês de Pombal possuía em Soure, e ali continuou com interesse os seus estudos de história, de política e de legislação. Um seu tio, o arcipreste Paulo de Carvalho, o apresentou ao cardeal Mota, ministro e valido do rei D. João V, e pela influência deste prelado, foi nomeado em 1733 sócio da Academia Real de História Portuguesa, que fora fundada em 1720, tendo pouco depois a incumbência de escrever a história de alguns dos monarcas portugueses, que nunca satisfez.
Em 1739 foi enviado a Londres como ministro plenipotenciário, e ali prestou relevantes serviços, mostrando grande energia e não vulgar inteligência, arrancando sobretudo ao ministério do duque de Newcastle muitas das isenções para os negociantes portugueses em Londres, que tinham em Lisboa os negociantes ingleses, e o reconhecimento do direito que tinham as autoridades portuguesas de punir os excessos praticados pelos capitães de navios ingleses em terras e costas de Portugal. Sebastião de Carvalho sofreu em Inglaterra o grande desgosto da morte de sua mulher, que faleceu em 27 de Março desse ano, legando-lhe todos os bens da sua grande casa. Durante o tempo que esteve em Londres, apesar das instituições inglesas lhe não terem causado grande influência, o que não pensou em implantarem Portugal, no entretanto, naquele grande centro civilizador entregou-se ao estudo de todas as graves questões administrativas. O rei D. João V ordenou-lhe, que reunisse em Inglaterra uma colecção de bíblias hebraicas, e de tudo quanto pertencesse a seus ritos, leis, costumes e policia, em qualquer das línguas vivas. Aquela preciosa colecção chegou a Lisboa no ano de 1743, e foi para a biblioteca do palácio real. O modo hábil como Sebastião de Carvalho dirigiu em Londres as negociações de que fora encarregado, chamou para ele a atenção do governo português, e, quando rebentou entre as cortes de Viena de Áustria e de Roma uma discórdia relativa aos direitos de nomina da cúria, tendo sido o governo português eleito para medianeiro, foi Sebastião José de Carvalho nomeado para dirigir as negociações da corte de Viena, para onde se dirigiu em 1715. Foi bastante feliz nesta nova ocupação, e conseguiu sanar a discórdia e lançar as bases do tratado entre as duas coroas, assim como depois conseguiu apaziguar novas dissensões entre o imperador Francisco I e o papa Bento XIV, por este não querer confirmar na pessoa do arcebispo eleitor de Mogúncia uma multidão de benefícios, que o imperador lhe concedia. Em Viena enamorou-se duma senhora da corte, D. Leonor Ernestina Eva Wolfanga Josefa, condessa de Daun, filha de Henrique Ricardo Lourenço, Feld-marechal general, conde de Daun do Sacro Romano Império, e de sua mulher, D. Violante Josefa, condessa de Bromond, em Bayersberg. O conde de Daun foi adversário muitas vezes vitorioso de Frederico o Grande da Prússia. Estas nobres famílias tiveram dúvidas em consentir no casamento, mas mandando-lhe dizer a arquiduquesa rainha de Portugal, D. Maria Ana de Áustria, que Sebastião José de Carvalho era de nobre ascendência, acederam ao casamento, o qual se realizou em 18 de Dezembro de 1745. Pouco tempo se demorou em Viena, porque se não dava bem com o clima, e como o celebre medico Van Swieten, que o tratava, lhe aconselhasse, que voltasse à pátria, Sebastião de Carvalho pediu e obteve a sua demissão, e nos últimos anos do reinado de D. João V regressou a Lisboa.
Em 31 de Julho de 1750 morreu o monarca, e subindo ao trono seu filho D. José, a rainha viúva, que se tornara muito amiga da mulher de Sebastião de Carvalho, que fora nomeada sua dama de honor, instou com o novo soberano para que nomeasse o antigo embaixador secretario de Estado dos negócios da guerra e estrangeiros. Assim se fez logo no dia 3 de Agosto, sendo ao mesmo tempo nomeado secretario de Estado da marinha o ultramar Diogo de Mendonça Côrte-real, filho do antigo e célebre ministro de D. João V. Com Pedro da Mota, secretário de estado, que o rei D. José encontrou em exercício, ficou o ministério completo. Havia apenas bem poucos dias que estava no poder, quando rebentou o terrível incêndio do hospital de Todos os Santos, a 10 de Agosto do 1750, que serviu logo para manifestar a energia e desembaraço de Sebastião de Carvalho. Não tardou muito que o antigo diplomata adquirisse no conselho do rei urna grande influência, que se quis atribuir a diferentes causas, mas cujo motivo principal estava, segundo as melhores opiniões, na inteligência superior e na vontade enérgica do futuro marquês de Pombal, que facilmente subjugou os seus colegas e adquiriu no ministério a iniciativa e a preponderância. Os homens como ele, podem pelas circunstâncias ser afastados do poder, mas apenas entram nele, assenhoreiam-se da direcção suprema pelo direito da sua energia, da sua actividade e do seu talento. Além disso, nenhum dos outros ministros era capaz de lutar com ele. Diogo de Mendonça era homem tímido, Pedro da Mota estava velho e cansado, Sebastião de Carvalho possuía em alto grau a iniciativa e a audácia. Entrava no ministério com projectos maduramente concebidos e com intenção firme de os executar, quebrando todos os obstáculos. Era um reformador na mais larga acepção da palavra. Tinha decidido levantar o seu país à altura da civilização europeia, não recuando para isso diante de embaraços de espécie alguma. Richelieu era o seu ideal; como ele, desejava consolidar o régio poder com o fim do introduzir alterações profundas no regime do Estado. Tinha em muitas coisas as ideias erróneas do seu tempo, e também preconceitos pessoais, mas possuía ideias administrativas de grande alcance. Conhecia os abusos do regime existente, conhecia os vícios da governação, percebeu que um povo, sob pena de se aniquilar, não podia persistir numa senda oprobriosa, e, não lhe sendo estranho nenhum dos progressos da sua época, vinha decidido a realizá-los à viva força, até sendo preciso, desfazendo as resistências, passando por cima das oposições, rodeando se de terror, e usando largamente do direito repressivo; Carvalho tinha a consciência, o fanatismo da sua missão reparadora. Fosse qual fosse o motivo, é certo que não tardou a exercer no gabinete de que fazia parte, uma influência exclusiva. A primeira medida que tomou, revelou logo a sua índole enérgica, mas também mostrou que o seu génio não poderia contudo rasar horizontes novos em economia politica e eximir-se às preocupações erróneas do seu tempo. Considerando como uma grande desgraça para Portugal a dependência em que estava da Inglaterra, e o tributo que lhe pagava todos os anos em somas enormes em trocados artefactos que de lá recebia, entendeu que o modo mais simples de acabar com essa dependência, era proibir debaixo de penas severas a exportação de metais preciosos, querendo assim restabelecer arbitrariamente a balança de comércio, exigindo que os ingleses levassem de Portugal mercadorias correspondentes no preço aquelas que nos enviavam. O grande ministro partilhava as ideias erradas do seu tempo, e supunha, como quase todos os estadistas do século XVIII, que a riqueza de uma nação consistia essencialmente no instrumento circulante que apenas a representa. Desde o momento que a produção agrícola e industrial do país não era suficiente para o seu consumo, a moeda havia de sair forçosamente, fossem quais fossem os meios que Sebastião do Carvalho empregasse para a reter em Portugal. Os metais preciosos são mercadorias como outras quaisquer sujeitas às leis económicas da oferta e da procura. Ainda que Sebastião de Carvalho conseguisse cativá-los em Portugal, não fazia mais do que depreciá-los, fazendo subir de novo a preços enormíssimos os objectos mais necessários à vida. Sucederia isso em Portugal, se o contrabando não viesse restabelecer o equilíbrio que Sebastião de Carvalho destruía. Afinal teve de revogar a medida, substituindo a proibição por um imposto de 3 % que finalmente foi também abolido. Mas enquanto a medida esteve em vigor, serviu para revelar a inquebrantável energia do grande ministro. A Inglaterra mandou de propósito a Lisboa um embaixador, lorde TyrawIey, que protestou contra essa providência. Sebastião de Carvalho manteve-a; uns oficiais da marinha de guerra inglesa que levavam para bordo ouro amoedado foram presos. E entretanto continuava o ministro a pôr em pratica o seu vasto plano de reformas, que tinha em alguns pontos graves defeitos, mas que tinha a vantagem de ser perfeitamente sistemático. A 17 de Janeiro de 1751 reduzia os direitos sobre o tabaco e simplificava a sua cobrança; a 27 desse mês fazia o mesmo ao açúcar. Depois proclamava e tornava efectiva a emancipação dos índios do Brasil, medida verdadeiramente generosa e grande; fundava depois a companhia privilegiada do comércio do Grão‑Pará e Maranhão, que levantava resistências e protestos que ele quebrava com a energia selvagem, própria do seu carácter. A Mesa do Bem Comum peticionou contra o decreto que fundava a companhia, os seus membros foram logo punidos com penas severíssimas. Outra medida igualmente pouco acertada foi a concessão do comércio da Índia e da China a Feliciano Velho Oldemberg; mas ao mesmo tempo mantinha a ordem em Lisboa, que no reinado antecedente fora teatro das mais escandalosas brigas, e fortalecia com sensatos regulamentos a disciplina do exército.
Tratava de fazer a luz nesta caótica administração portuguesa, quando um cataclismo terrível, o terramoto de 1 de Novembro de 1755, veio converter Lisboa num montão de ruínas e dar ensejo a Sebastião de Carvalho para mostrar o seu génio organizador e a sua assombrosa energia. Em presença do terrível desastre, encontrou-se completamente à altura das circunstâncias. Proveu logo à sustentação dos muitos infelizes que tinham ficado reduzidos à miséria pelo terramoto, ao estabelecimento da ordem, não lhe esqueceu enfim uma só das indispensáveis providências. Logo no dia seguinte ao da terrível catástrofe, tratou da reedificação de Lisboa com um plano muito mais vasto e muito mais regular do que o da antiga cidade. A planta da nova construção foi traçada pelo arquitecto Eugénio dos Santos. O ministro mandou demarcar o terreno a cada proprietário, obrigando estes a levantarem as suas casas dentro de certo prazo, sob pena de o perderem. Tiveram também de se sujeitar ao plano do arquitecto, de que resultou a regularidade da cidade baixa. Nas suas ruas agrupou os diferentes mercadores, tomando elas os nomes das profissões diversas que ali se enfileiravam. Prosseguiu com uma rapidez maravilhosa a reconstrução da cidade, o que muito espantou o embaixador da França, que não acreditava em semelhante milagre, e que dissera para a sua corte, que não poderia Carvalho completar a obra que empreendera. Urna das medidas mais proveitosas que o grande ministro adoptou, foi a criação o dum imposto de 4 % sobre todas as mercadorias que entravam na capital, que era um verdadeiro imposto de consumo, e que rendeu somas enormíssimas, tanto que foi com o seu produto que se construíram o arsenal de marinha e os edifícios das secretarias na praça do Comércio; foi ainda com o dinheiro adquirido por este meio, que se demoliram os restos dos edifícios arruinados, e se efectuou a abertura de várias ruas segundo o plano adoptado; além disso, ainda sobejou dinheiro para se construir o arsenal do exército, para se levantar o forte de Lippe em Elvas, que custou uns poucos de milhões, e para se repararem e fortificarem muitas outras praças do reino. O terramoto de 1 de Novembro de 1755 foi a verdadeira origem do grande poder de Sebastião de Carvalho. A sua energia produzira uma impressão profundíssima no rei D. José, que desde então começou a dispensar-lhe uma cega confiança, que a rápida popularidade que adquiriu, ainda mais confirmava, não bastando a contrabalançarem-na os ódios e as invejas da nobreza, que se não ocultavam nem disfarçavam. Ainda nos primeiros meses que se seguiram ao grande cataclismo, continuou em Lisboa a rapina em elevado grau, mas Sebastião de Carvalho mandou levantar forcas bem altas, onde expôs mais de 100 cadáveres, o que parece ter produzido o mais salutar efeito. O rei começou daí por diante a seguir em tudo os ditames do seu ministro. Para lhe obedecer, deu o exemplo de andar vestido de briche nacional; em 1756 fez passar Sebastião de Carvalho para a secretaria do reino, vaga pela morte de Pedro da Mota, e nomeou para ministro da guerra e dos estrangeiros D. Luís da Cunha Manuel, que era completamente criação sua. Descontente não se sabe porque motivo com Diogo de Mendonça Corte‑Real, Sebastião de Carvalho mandou-o prender, e deu-lhe por sucessor Tomé Joaquim da Costa Corte‑Real que também pouco tempo depois foi desterrado para Leiria. Ao mesmo tempo fundava Sebastião de Carvalho a Aula de Comércio, a companhia para a pesca da baleia nas costas do Brasil, e a companhia para a pesca do atum nas costas do Algarve. Com pleno acerto andaria, observa um dos seus biógrafos, se se limitasse à fundação de companhias privilegiadas que viessem fundar uma indústria nova, mas procedia erradamente quando fundava a companhia privilegiada do comércio de Pernambuco e Paraíba, e a das vinhas do Alto Douro, que vinham explorar indústrias que não precisavam do privilegio para medrar. A companhia de Pernambuco e Parabíba não encontrou grandes resistências porque seguia pelo caminho do Grão­Pará e do Maranhão, mas a companhia do Alto Douro, que vinha ferir mortalmente o livre comércio do Porto, levantou grandes resistências. A 23 de Fevereiro de 1757 houve no Porto contra a companhia um motim de alguma gravidade, mas que Sebastião de Carvalho determinou logo considerar como uma rebelião formal contra a pessoa do rei e os seus fautores como réus do crime de lesa-majestade. Bem sabia ele que a revolta não tivera a importância que lhe quis dar, mas convinha-lhe considerá-la assim, em primeiro lugar para ensinar aos portuenses que não se desatendiam impunemente as suas ordens, em segundo lugar para que todos ficassem bem cientes de que se considerava tão inviolável como a pessoa do rei, de que as suas ordens deviam ser tão respeitadas como se as pronunciasse a própria boca do monarca, e de que ninguém poderia alegar que se não queixava do rei, mas sim do ministro, porque ele estava acobertado com o régio manto de D. José, e dizendo sempre el-rei meu amo significava bem que entendia governar como delegado do poder absoluto e sagrado do soberano. Nomeou logo uma alçada, de que fazia parte o tristemente célebre desembargador José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo, e que condenou à pena de morte 21 homens e 9 mulheres, e a várias penas menos duras 155 homens e 33 mulheres. A pena de morte executou‑se no dia 11 de Outubro em 13 homens e 4 mulheres, porque os outros conseguiram evadir-se. Este facto é de todas as crueldades do marquês de Pombal a que maior nódoa lança na sua memória, porque nunca foi tão desproporcionada a pena ao delito.
Quebrando assim, pela repressão dos tumultos do Porto, as resistências municipais dirigidas contra a sua enérgica administração, não pensava Sebastião de Carvalho senão em reprimir igualmente o orgulho da nobreza, como depois todo se empregou em despedaçar esse formidável poder organizado debaixo do nome de Companhia de Jesus. Os fidalgos, impacientes com o seu despotismo, rompendo a luta que ele estava ansioso por travar, deram-lhe ensejo de os punir, e essa conspiração, cujo malogro foi a perda da nobreza, também lhe deu depois ensejo para romper as hostilidades contra os jesuítas. A nobreza, que possuía ainda muitos privilégios, mostrava-se profundamente hostil a Sebastião de Carvalho, que não poupava ocasião de os restringir. D. José do Mascarenhas, que herdara a casa e o título dos duques de Aveiro, pretendera que passassem para ele as comendas administradas pelos antigos duques. O rei não lho consentira, por instigação de Sebastião de Carvalho, e daí nascera o ódio fidagal votado ao rei pelo duque de Aveiro. Apesar de todo o mistério que envolve os factos relativos a este processo, parece incontestável que o duque de Aveiro teve a ideia de assassinar o rei, que para isso falou ao seu guarda-roupa Manuel Álvares Ferreira, e que este combinara o crime com seu irmão e com o seu parente José Policarpo de Azevedo. O que é incontestável, porém, é que na noite de 13 de Setembro de 1768, quando o rei recolhia numa carruagem à Ajuda, de uma excursão nocturna e provavelmente amorosa, recebeu uns tiros entre a Quinta do Meio e a de Cima, e que só se salvou de morte infalível por uma série de acasos, que fizeram com que errasse fogo um dos bacamartes e com que o cocheiro e o rei se lembrassem de voltar para trás em vez ele seguir para o paço. O rei teve, contudo, umas poucas de feridas, mas todas sem gravidade. Sebastião de Carvalho, prevenido imediatamente, adivinhou de relance que tinha ali o ensejo favorável para descarregar um grande golpe na nobreza e talvez também nos jesuítas. Concebeu logo o seu plano com um sangue frio extraordinário, deu ordem rigorosa para que se guardasse acerca da ferida do rei o maior segredo, espalhando-se simplesmente que o rei dera uma queda, e depois de fazer todas as investigações necessárias com o maior segredo, prendeu três meses depois, no dia 13 de Dezembro, todos os indiciados no crime, sem lhe escapar senão José Policarpo de Azevedo, e esse unicamente por não ter tido o marquês conhecimento prévio da sua cumplicidade. Os indiciados não foram só o duque de Aveiro e os seus criados, foram também todos os membros da família Távora, contra a qual se não podia alegar a ser a principal entre as famílias nobres descontentes, e a suposição de que o marquês Luís Bernardo, cuja mulher fora notoriamente favorita do rei D. José, estaria por isso gravemente ressentido contra o soberano. O principal crime, porém, ou antes o crime único dos Távoras, era o serem inimigos declarados de Sebastião de Carvalho e ser a sua casa o centro da hostilidade contra o grande ministro. Em todo o caso lá se encontraram no processo indícios que foram reputados suficientes, e além do duque de Aveiro, dos Alornas, Távoras e Atouguias, foram também presas umas poucas de senhoras, a duquesa de Aveiro, as duas marquesas de Távora, a condessa de Atouguia, a marquesa de Alorna e sua filha. Ao mesmo tempo criou-se uma junta ou tribunal de inconfidência, presidido pelos três ministros de estado que deviam julgar os acusados. Foi esta a primeira e enormíssima iniquidade do processo, nomear um tribunal especial, e logo um tribunal assim presidido pelos secretários de estado, que, ainda que não fossem directamente interessados, sempre eram os representantes do rei, e por conseguinte juízes representantes da parte. Esta junta de inconfidência vinha apenas tingir vagamente com uma fórmula vã de justiça, a revoltante arbitrariedade da sentença que se proferia. Correu este lúgubre processo envolto no maior segredo, e o público só conhecia a sequência dele pelas repetidas prisões, que vinham de quando em quando sobressaltar a população. Os fortes das margens do Tejo povoava-os Carvalho com os fidalgos mais conspícuos do reino, sem que nunca se soubesse quais as provas que tinha contra cales e que deviam ser completamente nulas, pois até contra alguns dos que foram executados não podia haver senão muito leves e muito vagas presunções. A respeito dos marqueses de Távora, por exemplo, é certo que não houve no processo senão o depoimento do duque de Aveiro, arrancado por incríveis torturas, ao passo que os criados do duque nem nos tormentos confessaram que os Távoras estivessem implicados na conjuração, ao passo que confessaram a sua culpa e a de seu amo.
Também contra os jesuítas, é forçoso que se diga, não se pode formular a mais leve suspeita justificada. Pois sem advogados, sem julgamento contraditório, baseando-se nas presunções mais vagas e nos argumentos mais contestáveis, promulgou a Junta da Inconfidência uma sentença em que condenou à pena última, com incríveis requintes de barbaridade, o duque de Aveiro, os marqueses de Távora, a marquesa D. Leonor, José Maria de Távora, o conde de Atouguia, Braz José Romeiro, João Miguel, Manuel Álvares Ferreira e António Álvares Ferreira. Foi no dia 13 de Janeiro de 1759 que se executou a horrorosa sentença. Nesta conspiração tão cruelmente punida, procurara o marquês de Pombal ver por todos os modos se implicava os jesuítas, mas, não conseguindo encontrar provas suficientes, contentara-se com as probabilidades. Desde o princípio do seu governo travara com eles uma luta implacável. Os jesuítas eram a sua grande preocupação, e razão tinha para isso, porque eram um obstáculo invencível a todos os seus projectos de reforma e de regeneração social. Dominavam em toda a parte, reinavam nas consciências pelo confessionário, nos espíritos pela educação, e a educação do povo dirigida por eles era a mais funesta que podia ser, era a imobilidade perpétua, a condenação à eterna futilidade e à eterna insignificância. Em todos os países se sentia esta funesta influência jesuítica, mas em Portugal era mais terrível ainda por causa das colónias, dominadas completamente pelos jesuítas, principalmente as americanas. Logo no princípio do seu governo, Sebastião de Carvalho tivera que lutar com eles. Um tratado entre a Espanha e Portugal cedia ao nosso país o Paraguai que estava completamente dominado pelos jesuítas, e que resistiu ao nosso domínio. Foi necessário empreender contra os paraguaios uma campanha em regra dirigida pelo governador do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade, como para os lados do Amazonas for necessário que Francisco Xavier de Mendonça, irmão de Sebastião de Carvalho, tomasse medidas enérgicas para conseguir que se pudesse cumprir o tratado entre as duas nações da península com relação aos limites norte‑brasileiros. Irritado sobremaneira com esta resistência, o grande ministro mandou aos governadores-gerais das colónias que procedessem a um inquérito acerca dos costumes e dos actos dos jesuítas. O resultado foi deplorável para aqueles padres. Além de todos os defeitos inerentes ao espírito da regra, havia também já a decadência profunda, e os vícios introduzidos na ordem pela relaxação dos costumes. Ora Sebastião de Carvalho não estava unicamente irritado contra os jesuítas pela resistência que eles faziam às tropas no Paraguai, estava-o principalmente porque não admitia nos seus sonhos de reformador social a existência dessa companhia, que pretendia embaraçar o livre desenvolvimento do espírito humano. A influência dos jesuítas na educação já estava levantando sérias resistências; os oratorianos apresentavam-se como seus émulos, e Luís António Verney, escrevendo o Verdadeiro Método de Estudar lançava a luva aos jesuítas, e era apoiado vivamente nesse princípio de resistência pelo grande ministro português. Em todos os actos hostis ao governo quisera ele ver sempre a mão dos jesuítas: na resistência da Mesa do Bem Comum à fundação da companhia do Grão‑Pará e Maranhão, no motim do Porto, e até no terramoto de Lisboa achara meio de se queixar deles. Era uma hostilidade surda e implacável a que o grande ministro lhes votara. Forte com os relatórios dos governadores que mostravam a profunda corrupção da Companhia, Sebastião de Carvalho obteve em Roma que um visitador fosse encarregado de proceder a um inquérito e de reformar os abusos. Bento XIV nomeou para visitador o cardeal patriarca de Lisboa. Sebastião de Carvalho aproveitou logo o ensejo para conseguir que fossem suspensos do exercício da confissão e da pregação em todas as dioceses portuguesas, e ao mesmo tempo expulsou do Paço os confessores jesuítas que ali havia. A ordem ameaçada assim por tão poderoso inimigo reagiu energicamente, e dirigiu se ao novo papa Clemente XIII protestando contra o procedimento do cardeal visitador. Mas Sebastião de Carvalho, prosseguindo implacável no seu plano, e baseando-se unicamente nos motivos de queixa contra o rei que podiam ter os jesuítas por causa da expulsão dos confessores e na reconciliação que pouco antes do negócio dos tiros se realizara entre os jesuítas e o duque de Aveiro que estavam em relações bastante frias, prendeu uns poucos de jesuítas, teve os colégios e casas da ordem cercadas de tropas e sequestrou-lhes os bens. Ao mesmo tempo pediu ao papa licença para mandar processar os jesuítas acusados de cúmplices do atentado contra o rei. Depois de muitas dificuldades concedeu o papa a licença pedida, mas rogou ao mesmo tempo ao rei de Portugal que não expulsasse os jesuítas dos seus domínios, pedido que não impediu que eles fossem expulsos de Portugal por decreto de 3 de Setembro de 1759, mandando-se logo para Itália pelo brigue S. Nicolau um carrego de jesuítas. Daí resultaram pendências com a corte de Roma, o núncio mostrou-se frio e até insolente, e Sebastião de Carvalho não teve a mais leve hesitação em o mandar sair de Portugal, ao mesmo tempo que saia de Roma o nosso hábil ministro, primo de Sebastião de Carvalho por afinidade, chamado Francisco de Almada. A causa única deste procedimento do conde de Oeiras, título com que fora agraciado por decreto de 15 de Julho de 1759, era a guerra de morte que ele declarara aos jesuítas, e não se imagine, como alguns historiadores modernos querem fazer supor, que o único motivo que o impelia era uma paixão mesquinha e o ódio que tinha aos jesuítas. Não, o conde de Oeiras obedecia às mais altas considerações que lhe ditava a sua inteligência superior. Na convicção profunda que tinha de que fora a influência jesuítica, e um espírito de fanatismo e a subserviência dos governos às vontades de Roma que tinham levado Portugal a um estado de grande decadência, entendeu que não havia reformas possíveis enquanto o beatério predominasse no país, enquanto considerações devotas viessem constantemente meter-se em todas as questões políticas. Esta convicção germinando no seu espírito, adquiriu todos os caracteres de uma paixão violenta. Não recuou diante das medidas mais rigorosas, diante das iniquidades até para conseguir o seu fim; mas só desse modo pôde sacudir o torpor que tolhia o desenvolvimento do país, porque todas as suas reformas seriam inúteis, se não conseguisse fazer sair o país do letargo em que o sepultava o fanatismo religioso. Acerca da saída do núncio, cardeal Acciaioli, que foi acompanhado até à fronteira de Espanha por 30 dragões, deve ler-se a Historia do reinado de D. José, por Simão José da Luz Soriano, vol. 1, pág. 431 a 445. A este grande ministro se deve a manutenção austera das prerrogativas do poder temporal contra as invasões da cúria, a ele se deve também a extinção desse poder formidável, que pesava sobre as gerações, que comprimia os espíritos, que entorpecia em Portugal todo o pensamento civilizador. O que se torna notável é que os enciclopedistas, em vez de aplaudirem as medidas desse grande estadista, as censuravam e combatiam. É porque o conde de Oeiras tinha grande desdém pelos escritores. A forma mesmo como ele promulgava as suas medidas imortais, era antiga, e tinha como que um cheiro reaccionário. Assim, efectivamente, a condenação do Padre Malagrida pela Inquisição e o seu suplício num auto-de-fé, são realmente actos pouco dignos de um homem como era o ministro do rei D. José. Não queria ele, porém, dar força à Inquisição nem restaurar os autos-de-fé. Esse foi o único que se realizou no seu tempo, e o regulamento que impôs a esse tribunal terrível, anulava-o completamente. Pouco tempo depois da morte do Padre Malagrida, um acto de iniciativa numa questão de censura de livros, que o inquisidor‑mor entendeu dever tomar, fiando-se na sua qualidade de irmão bastardo do rei, rendeu-lhe o ser preso e desterrado juntamente com seu irmão, outro menino de Palhavã, para as matas do Buçaco. Este acto de audácia subjugou para sempre a nobreza, e a criação da intendência de polícia ainda mais contribuiu para a domar. Entretanto continuava o conde de Oeiras a instar pela extinção da ordem dos jesuítas. A França, a Espanha e Nápoles, tinham seguido o exemplo de Portugal, expulsando também os jesuítas. O mesmo fez a corte de Parma; com essa, porém, entendeu Clemente XIII que podia atrever-se, e reagiu contra a sua medida, mas todas as outras cortes tomaram o seu partido, e Clemente XIII morreu aterrado pela atitude que estava tomando para com ele a Europa católica. Subindo ao sólio pontifício Clemente XIV, voltaram Portugal e as cortes bourbónicas a insistir com o papa para a extinção da Companhia de Jesus, e em 1773 conseguiram finalmente, depois de grandes esforços em que tivera sempre a maior parte o ministro português, arrancar ao papa a desejada medida. Portugal deve ao marquês de Pombal, título a que Sebastião de Carvalho foi elevado por decreto de 16 de Setembro de 1769, imensos serviços, mas os maiores foram incontestavelmente a expulsão dos jesuítas e a reforma da nossa legislação civil, porque essas medidas significaram a renovação moral deste povo, que se ia deixando adormecer num letargo de que talvez nunca despertaria. O notável estadista adquiriu, por este facto, grande influência em toda a Europa.
A sua política estrangeira foi sempre um modelo de firmeza e de habilidade. Ainda assim, deve dizer-se, que os despachos insolentes que se lêem em alguns livros de história, e que se dizem dirigidos pelo marquês de Pombal a Lorde Chatam, são completamente apócrifos. O que há de verdadeiro neste incidente é que em 1764, tendo o almirante Boscawen queimado quatro naus francesas nas águas de Lagos, o marquês de Pombal, sendo ainda conde de Oeiras, exigiu e alcançou de Inglaterra uma satisfação condigna. É muito louvável a energia com que o marquês de Pombal sustentou a neutralidade do país na guerra dos Sete Anos, neutralidade de que a Espanha e a França o queriam obrigar a sair. Foi necessária uma guerra, e não hesitou. O exército estava ainda completamente desorganizado, e o marquês chamou da Alemanha o conde de Lippe, um dos bons oficiais de Frederico da Prússia, e o príncipe de Mecklemburgo-Strelitz, e encarregou-os de organizar solidamente as tropas portuguesas. E na verdade, a disciplina rigorosa, introduzida pelo conde de Lippe, fez com que a campanha de 1762, mal iniciada, acabasse dum modo feliz para nós. Os 10 anos que decorreram entre a paz de Fontainebleau em 1763 e a reforma da Universidade em 1772 foram talvez os mais fecundos da administração do marquês de Pombal. Desembaraçado da oposição dos jesuítas, tendo quebrado todas as resistências, inclusivamente as da Santa Sé, sabendo que em todo o país ninguém ousaria rebelar-se contra as suas vontades, começou a aplicar largamente as suas luminosas teorias em matéria de administração e a governar o país com a energia e o génio de que dera tantas provas. As reformas, de que tomou a iniciativa neste período de 10 anos, renovaram inteiramente a face de Portugal, e o arrojaram por um caminho de progresso, onde não tardou a pôr-se a par das nações mais adiantadas. A primeira coisa, de que se ocupou, foi da reorganização do exército. O conde de Lippe tratou de regulamentar a disciplina; estabeleceram-se campos de manobras, e tomaram-se enfim muitas outras providências. A construção de navios fortaleceu a nossa marinha; o comércio e a agricultura também foram favorecidos pelo marquês de Pombal, ainda que, na protecção que lhes deu, se encontra o vestígio das suas erradas ideias económicas. A intimação feita aos negociantes ingleses para terem caixeiros portugueses, a regulamentação da Lavoura pela ordem que mandava arrancar em muitos pontos as vinhas, que deviam ser substituídas por trigais mostram que o grande reformador tinha tão pouca confiança na liberdade em matéria económica como em matéria politica. A indústria nacional mereceu-lhe os maiores cuidados, como prova a protecção eficaz que dispensou à fábrica das sedas, situada no Rato, em Lisboa, às fabricas de lanifícios da Covilhã, Fundão e Portalegre, e à fabrica de vidros da Marinha Grande. O sistema do terror é que sempre continuava a ser seguido por ele. Enquanto abolia a distinção entre cristãos-novos e cristãos velhos, entre canarins e europeus na Índia; enquanto suprimia a escravatura no continente de Portugal, suprimia para a imprensa a censura eclesiástica, substituindo-a, é certo, não pela liberdade, mas pela jurisdição da Mesa Censória, o que já era um progresso, porque tendia a secularizar o ensino, mandava enforcar o capitão Graveron, acusado de peculato, mas sem haver contra ele provas evidentes, e encarcerava no forte da Junqueira o bispo de Coimbra, D. Frei Miguel da Anunciação, que era, sem dúvida, um dos chefes do partido reaccionário, mas que enfim era um velho prelado, que não se devia tratar com tanto rigor. O crime dele estava em proteger uma seita chamada dos jacobeus ou sigilistas, fanáticos perigosos, e sobretudo em resistir à instituição da Mesa Censória, proibindo no seu bispado livros que este tribunal consentia que corressem.
Uma das grandes glórias do marquês, de Pombal foi o imenso impulso que deu à instrução popular. A lei de 6 de Novembro de 1772 organizava a instrução primária do modo mais completo para o tempo. Estabelecia o princípio de concurso, animava o ensino particular, dotava as escolas com o rendimento de um novo tributo denominado subsídio literário. Favorecia a instrução secundária criando escolas, que eram o germe dos nossos liceus actuais, e convidando as ordens religiosas a que abrissem aulas nos seus conventos; favorecia a instrução superior criando o Colégio dos Nobres, e tratando de reformar a Universidade de Coimbra. Para intentar essa reforma, criou‑se uma junta intitulada da Providência Literária. A alma desse tribunal era o bispo de Coimbra D. Francisco de Lemos, que foi nomeado reitor da Universidade, por decreto de 11 de Setembro de 1772. Os estatutos redigidos por esta junta, introduziram a revolução na Universidade, substituindo aos velhos métodos legados pelos jesuítas os processos mais audaciosos da ciência nova. Além das reformas dos estudos, a nomeação de sábios lentes, alguns deles estrangeiros de nomeada, concorreram muito para o brilhantismo dessa reforma. Criou estabelecimentos auxiliares, de que anteriormente nem sequer fora reconhecida a necessidade, como um observatório astronómico, um museu de história natural, um gabinete de física um laboratório químico, um teatro anatómico, um dispensário farmacêutico, e um jardim botânico. O rei D. José, por carta régia de 28 de Agosto de 1772, constituiu o marquês de Pombal seu plenipotenciário e lugar-tenente na restauração da Universidade. No dia 22 de Setembro entrou na cidade de Coimbra, no dia 23 publicou o despacho de quatro colegiais para o Colégio dos Militares; na manhã de 25 recebeu os novos colegiais dos colégios de S. Paulo e de S. Pedro. Na tarde desse dia foi lida com toda a solenidade e aparato, na sala grande da Universidade, a seguinte carta régia:
«Honrado Marquês, meu Lugar-Tenente, muito prezado Amigo. Faço saber a essa Universidade, como protector que sou dela, ser servido reformá‑la, e por isso em Meu nome fareis tudo, concedendo‑vos todos os privilégios, que são concedidos, aos Vice‑Reis, e ainda aqueles que eu reservo para Mim. A mesma Universidade o tenha assim entendido, e vos respeite todas as honras, que vos são devidas, pois sois do Meu Real agrado e protecção. Palácio de Nossa Senhora da Ajuda, em 13 de Agosto de 1772. ‑ Rei.»
No dia 29 do referido mês de Setembro foram publicados, com a maior solenidade os novos estatutos, e no dia 30 prestaram os novos lentes o competente juramento, na presença do marquês de Pombal, no paço. A cerimonia de abertura da Universidade realizou‑se a 23 de Outubro com imenso esplendor. Foi decerto este o dia mais jubiloso da existência do notável estadista. Rodeado de homenagens por um povo de cortesãos, que viam nele não o representante do rei, mas o próprio soberano de Portugal, tinha além disso a consciência a dizer-lhe que acabava de prestar ao seu paìs e à civilização o mais elevado e o mais importante de todos os serviços. A fundação da Imprensa Nacional de Lisboa completou a obra do marquês de Pombal com relação ao nosso desenvolvimento intelectual. Esta reforma da instrução pública, a mais importante que tivemos, valeu ao nosso grande ministro a admiração e o respeito da Europa. Mr. Montigny, encarregado de negócios de França em Lisboa, não ocultava a sua veneração pelo homem, que fizera com que houvesse neste pequeno reino tão mergulhado até então nas trevas, 837 escolas de instrução primária e secundária. O duque de Aiguillon, ministro que sucedera no gabinete de Luís XV ao duque de Choiseul, dizia: «A opinião, que formamos dos talentos e das luzes do marquês de Pombal, dá-nos a mais vantajosa ideia das mudanças e das adições que esse ministro deve fazer nos estatutos da universidade.» Quando se observa esta importantíssima reforma, feita pelo marquês de Pombal, quando se vê que o grande ministro soube arrancar o país das trevas da ignorância em que estava imerso, a trazê‑lo à luz imensa, que de toda a parte se irradiava pela Europa, quando se nota que todas as suas reformas tiveram por fim, e conseguiram introduzir em Portugal todos os elementos civilizadores tem de se confessar que o marquês de Pombal foi neste extremo da Europa a incarnação viva e eficaz da grande revolução do século XVIII, e que o seu enérgico despotismo foi uma dessas ditaduras tirânicas mas fecundas, que em toda a parte precederam e prepararam a aurora da liberdade.
Foi por este tempo que se concluiu a estátua do rei D. José, que o grande ministro destinava para ser o complemento e o remate da sua grande obra da reconstrução de Lisboa. A estatua do rei D. José, em cujo pedestal figurava o medalhão do marquês de Pombal, construída pelo grande escultor português Joaquim Machado de Castre, fundida em bronze pelo tenente coronel de artilharia Bartolomeu da Costa, inaugurou‑se com extraordinária pompa, na Praça do Comércio no dia 6 de Junho de 1775. Nesta obra, vol. IV, no artigo Lisboa, a pág. 330 e seguintes, está uma circunstanciada descrição desta majestosa solenidade. Contudo, enquanto o marquês de Pombal tomava providências tão sábias e tão justas, continuava a seguir o sistema de repressão implacável. Os seus colegas no ministério continuavam a ser as suas vítimas; José de Seabra, que fora o seu braço direito na luta com os jesuítas, foi de súbito desterrado para Angola por motivo misterioso. Tempo depois, outro suplicio atroz veio assombrar Lisboa. Em 11 de Outubro de 1775 foi esquartejado na Junqueira o genovês João Batista Pele, acusado de tentativa de assassínio contra o marquês de Pombal. A Espanha rompera de súbito as hostilidades contra nós, por causa dos limites da América, e não nos quis dar satisfações. A França preparou-se a auxiliá‑la em virtude do Pacto de Família, e a Inglaterra abandonou‑nos. Apesar disso, o marquês de Pombal, entendendo que estava empenhada nesta questão a dignidade da coroa portuguesa, não hesitou em se preparar para a guerra; não cuidava decerto que poderia afrontar a França e a Espanha com os nossos limitados recursos, mas entendia também que, logo que o dever falava, a questão da possibilidade desaparecia. Seria esmagado, mas a sua defesa contra agressões injustas era já um protesto contra a violência. Quando se preparava para esta luta, cometeu o marquês de Pombal um acto de atrocidade, que não é dos que menos mancham a sua memória. Tinham-se refugiado na Trafaria alguns refractários, como se diria hoje. Sendo difícil apanhá-los naquela aldeia pobríssima, o marquês de Pombal ordenou que se lançasse fogo a essa povoação de pescadores. Essa ordem, executada barbaramente em seu nome no dia 23 de Janeiro de 1777 devia encher de pavor os últimos dias da existência de D. José, que faleceu no dia 24 do mês seguinte de Fevereiro. Com ele expirava o poder do marquês de Pombal. (V. Portugal, neste vol. pág. 738, no artigo de Pina Manique).
A herdeira do trono, beata e dominada pelos nobres, era figadal inimiga do grande ministro. Assim que o rei fechou os olhos, logo o marquês percebeu que estava demitido. Sendo mordomo-mor, foi avisado para que se não ocupasse do enterro do rei. Deram-se largas aos seus inimigos, deixaram-se correr contra ele as maiores calúnias. Soltaram-se todos os presos políticos que estavam por sua ordem encarcerados, e o espectáculo miserando dessas vítimas da energia implacável do marquês de Pombal devia exacerbar contra ele a cólera do povo, sempre mudável. Em seguida foi demitido, conservando-se-lhe secamente o ordenado de ministro, e concedendo-se-lhe o rendimento de uma comenda. Dava-se-lhe ordem para se recolher a sua casa de Pombal, e consentiu-se que o povo o insultasse em casa e pela estrada, arrancava-se o seu medalhão do pedestal da estatua de D. José e substituí-se pelo navio com as velas cheias, que é o brasão de Lisboa, o que fazia com que ele dissesse no seu retiro: Agora é que Portugal vai à vela. O que houve de mais impudente nesta reacção foi o procedimento de algumas pessoas, que, para lisonjearem o marquês de Pombal, tinham feito com ele contratos em que eram lesados e que depois, quando o viram caído, o demandaram para alcançarem indemnizações! Um tal Galhardo Mendanha chegou a escrever a esse respeito um folheto que por tal modo indignou o marquês de Pombal, que este pegou na pena e respondeu com azedume e veemência num folheto que a rainha D. Maria I proibiu que corresse. As acusações de concussão, de abusos de poder ferviam, todos os amigos e parentes do marquês eram perseguidos, e afinal a rainha D. Maria I, cedendo à pressão dos inimigos do marquês e ao natural impulso da sua própria inimizade, ordenava que o ministro de seu pai fosse processado. Para isso enviou a Pombal dois desembargadores que sujeitaram o marquês a um longo e penoso interrogatório, até que o grande homem, prostrado pela doença, pela fadiga e pelas amarguras, pedia perdão à rainha das faltas que podia ter cometido. Ao fim de 14 meses, a 16 de Agosto de 1781, expediu a rainha um decreto no qual declarava que havia por bem perdoar ao marquês de Pombal as culpas em que incorrera, em atenção aos seus anos e enfermidades. Era uma última mentira! Não o puniram, porque teriam de punir tombem a memória do rei D. José. Esse decreto fulminou-o. Estava um pouco melhor dos seus padecimentos, graças a um tratamento que adoptara. Piorou outra vez de um momento para o outro. O seu orgulho sentia-se profundamente ferido, a consciência do seu talento e dos imensos serviços que prestara ao seu país, fez com que gastasse as suas ultimas forças escrevendo uma Petição de recurso feita à sereníssima rainha D. Maria I, em que mais uma vez tentou justificar os seus actos. A opinião pública, ou o que então se podia designar por esse nome, era-lhe adversa, ou pelo menos indiferente. A petição caiu portanto no meio desta indiferença ou desta aversão, e não produziu o mínimo efeito. Dez meses sobreviveu ainda o marquês de Pombal ao funesto decreto, dez meses de longos e incomportáveis padecimentos. Faleceu enfim o grande estadista na sua casa de Pombal na idade de 83 anos. Na noite. de 11 de Maio de 1782 foi o cadáver conduzido num coche puxado por três parelhas para a igreja do convento de Santo António da vila do Pombal. Esperava-o à porta o bispo de Coimbra, D. Francisco de Lemos, fiel à caída grandeza, que celebrou com toda a pompa as exéquias solenes, sendo pregada a oração fúnebre pelo monge beneditino Frei Joaquim de Santa Clara, notável orador sagrado, que se inspirou na grandeza do assunto, e legou à posteridade um magnífico discurso que atesta não só o seu talento mas a grandeza do seu espírito. O Marquês de Pombal, quando faleceu, assinava-se: Sebastião José do Carvalho e Melo, conde de Oeiras e da Redinha; marquês de Pombal; do conselho do rei; alcaide-mor de Lamego; senhor donatário das vilas de Oeiras, Pombal e Carvalho, e do lugar de Cercosa e dos reguengos e direitos reais de Oeiras e de A-par de Oeiras; direitos do pescado do Porto, de Peniche e de Atouguia da Baleia; das rendas do pescado e direitos da dízima, portagem, jugadas, oitavos de pão e quinais de vinho da vila e porto de Cascais; e das tornas da sisa do pescado e sáveis de Lisboa; padroeiro in solidum da paróquia de Nossa Senhora das Mercês, da cidade de Lisboa, e das de Santa Maria da vila de Carvalho e sua anexa, Santa Maria de Cercosa, no bispado de Coimbra, e do convento de Nossa Senhora da Boa Viagem; comendador das ordens de Cristo e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, etc. O seu brasão era o dos Carvalhos. Em campo azul uma estrela de ouro, entre uma quaderna de crescentes de prata. Este brasão também usam os condes da Retinha e os marqueses de Pomares.
Num rápido esboço resumiremos a notícia das grandes reformas empreendidas pelo notável ministro do rei D. José I: Protegeu eficazmente a indústria, levantando a decaída fábrica de sedas que D. João V fundara, subvencionando e desenvolvendo as indústrias da chapelaria e relojoaria, fez sair quase do nada a fábrica de vidros da Marinha Grande, e a de papel da Lousã, tomou a iniciativa do fabrico da porcelana, protegeu a industria das lãs, e fundou a magnifica fábrica real da Covilhã. Teve a honra de hospedar no seu palácio e quinta de Oeiras o rei D. José no Verão dos anos de 1775 e 1776. Nessa quinta realizou uma grande feira onde concorreram, por sua ordem, os produtos de todos os géneros da indústria fabril portuguesa, vindo os donos das fábricas armar barracas em Oeiras, expondo ali à venda os diversos produtos da sua indústria Esta feira teve um êxito completo; foi uma verdadeira exposição de tudo quanto se fabricava então em Portugal, e assim teve Oeiras a honra de ali realizar a primeira exposição industrial que houve no país, e talvez a primeira que se efectuou em toda a Europa. (V. Portugal, neste vol. artigo Oeiras, pág. 182 e seguintes). Favoreceu muitíssimo a agricultura, mas de um modo demasiadamente despótico, mandando por exemplo arrancar as vinhas do Ribatejo para ter produção cerealífera. Para desenvolver o comércio criou a Aula do Comércio e fundou diversas companhias. Na administração civil e económica do país operou maravilhas, dando o primeiro passo para a liberdade da terra, suprimindo os morgados insignificantes, regulando-lhes a sucessão e não consentindo que se instituíssem senão morgados opulentíssimos, declarou livres todos os escravos que nascessem ou pusessem pé no continente de Portugal, emancipou os índios do Brasil, acabou na Índia com a distinção entre gentios e cristãos, no reino com a distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos. Com o clero procedeu energicamente, expulsando os jesuítas, impedindo as profissões demasiado numerosas de frades e de freiras; deu à Inquisição um regimento que a anulava completamente; na instrução pública reformou completamente a Universidade pondo-a a par dos estabelecimentos científicos desse tempo no estrangeiro; criou o Colégio dos Nobres, fundou a instrução primária portuguesa solidamente, desenvolveu a instrução secundária, aproveitando para isso largamente as ordens religiosas, refundiu completamente a legislação, acabando com os arrestos absurdos, com os recursos aos comentadores, etc. ordenou que o direito canónico apenas regulasse em matérias espirituais. Criou o Erário introduzindo ordem e método na administração da fazenda, criou no Conselho de Fazenda um tribunal de contencioso financeiro, administrou com tanta economia que não precisou recorrer a empréstimos, reorganizou admiravelmente o exército com o auxílio do conde de Lippe, fortificou Elvas de um modo assombroso, deu impulso à marinha e soube apreciar e chamar ao ministério Martinho de Melo e Castro que à marinha portuguesa prestou depois tão relevantes serviços, e ocupou-se com zelo das colónias, acrescentou o nosso domínio oriental com as Novas Conquistas, o nosso domínio africano com as ilhas de Bissau, etc. De todos os chefes de governo que no século XVIII iniciaram em todos os países da Europa as reformas que a opinião pública reclamava, foi sem dúvida o marquês de Pombal o mais audacioso. O ilustre ministro teve grande predilecção pela cidade de Aveiro, por causa dum protesto representação em que a câmara com a assistência dos nobres e povo, lavrou contra os autores da conspiração do duque de Aveiro, D. José de Mascarenhas, pedindo para que este fidalgo deixasse de ser donatário de Aveiro. Esta demonstração dos aveirenses foi recebida com entusiasmo pelo marquês de Pombal, que se deu pressa em agradecer à câmara, assegurando-lhe que os desejos do povo, cujo representante era, seriam satisfeitos, e que Aveiro, ficando pertença da coroa, havia de ser beneficiada tanto quanto pudesse sê-lo. A palavra do grande estadista foi cumprida. Aveiro entrou numa nova fase de progresso. Melhorou-se consideravelmente a barra, criaram-se escolas e procurou-se ensaiar novos sistemas de cultura, como foi a do arroz e da batata. O marquês também pensou em estabelecer aqui urna fábrica de tecidos de algodão, para o que mandou proceder a experiências em 1770. Ainda empreendeu outros melhoramentos de não menor alcance para os interesses da terra, que por decreto de 11 de Abril de 1759 elevou à categoria de cidade, e por decreto de 4 de Setembro de 1760, foi de novo elevada a comarca, que desde de D. João III deixara de ser, para formar um almoxarifado, cujas justiças eram providas pelo donatário. Em 28 de Setembro de 1773 pediu o marquês de Pombal o báculo de diocese para Aveiro, que lhe foi concedido por breve apostólico de 12 de Abril de 1775, sendo o 1.º bispo D. António Freire Gameiro de Sousa. (V. Aveiro).
Devemos mencionar um acto de justiça nacional, relativo ao notável estadista. Por decreto de 10 de Outubro de 1833 foi determinado que a «imagem em bronze do marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho, e Melo que havia sido arrancada do pedestal da estátua equestre de el-rei D. José, fosse reposta no mesmo lugar». Dizia-se no preâmbulo do decreto: «Que o marquês de Pombal fora o português que mais honrou a sua nação no século passado. Que fora ele distinto pelos seus conhecimentos variados, firme pelo seu carácter; instruído pelas suas meditações e viagens; e sobretudo dotado de um amor da pátria, de um zelo do bem público e de um interesse pelo decoro e independência nacional que sempre o levara nobremente a promover o bem do seu país, e a naturalizar nele as vantagens da indústria, da civilização, do comércio e das artes. Que a inconstância dos tempos e o capricho dos homens pretenderam denegrir na pátria o conceito que nunca fora dela foi disputado a tão ilustre génio, e fizeram, com ingratidão incrível, desaparecer a sua imagem do centro daquela mesma cidade, que ele tinha feito renascer das cinzas, para ser uma das mais belas capitais do mundo. Influenciado por esta convicção, quis o duque de Bragança tributar a devida justiça ao grande homem, e apagar os vestígios de uma ingratidão, que a geração presente rejeitava a responsabilidade e desaprovava o erro.» Este decreto era rubricado pelo ministro do reino Cândido José Xavier. Os restos mortais do marquês de Pombal foram trasladados para Lisboa, onde chegaram a 1 de Junho de 1856, em honroso préstito. Celebraram-se solenes exéquias, sendo o cadáver depositado na capela das Mercês, pertencente aos marqueses de Pombal. Num mausoléu de mármore figurando um modesto caixão colocado sobre dois desengraçados elefantes, que se vê na capela-mor e no lado direito do altar, se encerra o que resta do grande e notável estadista. Em Maio de 1882 celebraram-se pomposas festas em comemoração do centenário da morte do marquês, tanto em Lisboa, como no Porto e na Universidade do Coimbra, que em 1872, 10 anos antes, havia celebrado também o centenário da reforma da mesma Universidade.
Sobre o grande ministro do rei D. José tem‑se escrito muito, tanto em Portugal, como no estrangeiro. A relação dos principais trabalhos encontra-se no Dicionário bibliográfico, vol VII, pág. 213 a 216; e no suplemento, volume XIX, peIo Sr. Brito Aranha, de pág. 17 a 184, onde também se encontram muitas gravuras dos carros que figuraram no cortejo cívico, por ocasião das festas do centenário, gravuras das ruínas causadas pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755, e diversos documentos. Além dessas obras, ainda citaremos: «Le marquis de Pombal», na Revue des deux mondes, 1.º de Setembro de 1870; Historia da Instrucção publica em Portugal, por D. António da Costa; Ensaio sobre a historia do governo e da legislação de Portugal, de Coelho da Rocha; Perfil do marquez de Pombal. de Camilo Castelo Branco; O marquez de Pombal, do conde de Samodães; O marquez de Pombal, por Teófilo Braga; Lisboa antiga, de Júlio de Castilho; Historia de Portugal, de Schaeffer, Pinheiro Chagas e Oliveira Martins; O marquez de Pombal, romance histórico, de António de Campos Júnior; O marquez de Pombal, exame e historia critica da sua administração, de D. Miguel de Soto‑Maior; Encyclopedia do Porto, Diccionario Popular, dirigido por Pinheiro Chagas, de que transcrevemos alguns períodos, etc.


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Estação Ferróviaria do Rossio

4 comentários:

  1. Luis tem muito foto... mas eu não sei de onde, e também não sei o que significam. Podes me explicar do que se trata? Eu tenho interesse em saber. Os prédios pintados, onde são? Os de arquitetura antiga, o que são? Gosto muito de arquitetura e fotos urbanas.

    Um abraço
    Carolina
    Carolina

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  2. Carolina peço desculpa por esse lapso meu mas como algumas fotos já foram colocadas em posts anteriores mas irei fazer umas legendas sim.
    Um Abraço Luis Almeida

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  3. Belas fotos e lindas arquiteturas.
    Abraços.

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    1. Obrigada Marina é Lisboa e a sua singular beleza das Avenidas mais conhecidas.e representativas deste pequeno pais.

      Um Bj.

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